quinta-feira, 20 de setembro de 2012

FAZER O INESQUECÍVEL

Noite de lua cheia. Apenas passarinhos se ouvia de dentro daquele quarto. Entre quatro paredes ele e ela estavam em uma sublime troca de energia, turbilhão de entrega das almas amadas e amantes.
Em meio ao frenético coito que se dava naquele momento, ela sem querer parar a ação disse em reação:
- Por que é tão bom assim?
Ele a ouviu meio que desorientado com suas sensações e prazeres divididos ali a dois e respondeu:
- Porque a gente se ama!
Aquilo soou como tudo o que ela desejaria escutar pela vida inteira como no repeat do rádio de sua casa. Então na euforia de tudo aquilo, ela pediu como em um sussurro:
- Repete...
O rapaz completamente entregue deixou-se encostar os lábios perto do ouvido de sua parceira, amada e com apertões em seu corpo e no agarra-agarra no enrosco dos cabelos dela, assim fez. Repetia, repetia...
Os corpos cansados já davam sinais.Tremedeiras e o lençol molhado de suor traziam a dormência e o cheiro daquele dia feito naquele recinto. Havia horas que os dois apenas se nutriam com goles de água e a barra de chocolate preferida que trazia no gosto dos beijos o inicio de toda aquela libido.
Pelas tantas da madrugada, se entregaram ao sono pesado e mais satisfatório que se pode imaginar. Dormiram de corpos colados, entrelaçados pelo prazer, que mesmo agora talvez sanado, parecia não querer que suas almas se separassem. Pelo menos aquela noite.
O amanhecer veio calmo e ensolarado. Novamente os pássaros cantavam em meio ao silêncio de tudo que havia a mais pelo mundo lá de fora. Ela acordou com o despertador do celular e olhou para o lado e ficou apreciando o seu amado a dormir e quase acordar.
Os dois voltaram dos seus sonhos e ao abrirem os olhos viram que muito mais do que aquilo que sonharam poderia se concretizar. Sem alguma palavra, a ação e reação de ambos foi começar e começar tudo de novo. Maravilhosa foi aquela noite, o dia anterior e o mesmo estava por vir!
Após matarem a saudade de poucas horas dormidas e de retornarem a se encaixar um no outro disseram:
- Bom dia! - ele
- Bom dia! - ela

terça-feira, 21 de agosto de 2012

PEÇO A PRÓXIMA


De repente tomou coragem e levantou aquele dia com a maior vontade do mundo em rever, como flash back, por onde andou, com quem estava, seu estado de espírito em cada um daqueles caminhos.
Como se tivesse um pacto com a nostalgia, qualquer um que visse e soube do seu propósito diria que tudo não passa de loucura, martírio. Pode ser, mas fazer o que se tornou-se costume em sua vida tomar até a última gota de cada momento vivido?
Abria um sorriso a cada passo que dava e vinha a sua cabeça: "Aqui eu fiz isso". Como uma criança que memoriza e guarda o passado mais precioso de um adulto, saia saltitante com os costumeiros cheiros, gostos, sensações apresentados em cada pedacinho que um dia habitará.
Andou, andou e como que sem destino certo prometeu que iria acabar sua jornada de encontrar-se de novo em meio a todos e tudo por onde passava. Anoiteceu.
Viu-se sentada em um banco de praça. Indagou-se: "Mas o que há? Por que minha vida encontra-se perdida nesses meus vultos de alegrias que jamais voltaram?
Seu único remédio era aceitar, aceitar que no mundo tão grande mas que não abarca o sentido do seu viver,  afirma-se que tudo é jogado ao peremptório e passageiro. O que acha que deveria acontecer sempre, o pertencimento, os laços, como em instantes viram apenas boas recordações.
Então o que torna-se o resto é esperar pela sua próxima nova gota de alegria.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

UMA CONVERSA SOBRE....


O dia frio, com o vento cortante diante à face. As duas amigas sentadas no banco da praça apreciavam o chafariz e aproveitavam o esquentar dos raios de sol e conversavam.
- Então realmente você acha isso? - uma pergunta a outra.
- Sim. Ao meu ver, o verdadeiro significado está se perdendo.
- Não consegue enxergar vestígios do mais importante na vida em nada?
- Nos homens? Não. Pequenas sementes ainda são semeadas entre nós, mas dificilmente dão frutos.
- Eu sinto dentro de mim que tenho este tesouro, que ele não se perdeu.
- Sim, minha amiga. Posso ver. Mas o que me diz quando olha ao redor? perguntou apontando para as pessoas na praça.
- Quero acreditar que temos a essência, mesmo que perdida dentro de nós.
Então as amigas se levantaram e começaram a caminhar vagarosamente observando os rostos que passavam ao lado. De súbito, a que havia indagado a outra sobre o que esta via diante de si disse:
- Sim minha amiga. Você disse o certo. Está perdida,  perdida dentro de nós. Mas não se preocupe, nunca vai deixar de existir. Passa despercebido pela nossa consciência e de forma displicente e por isso que muitos não conseguem conduzir a vida seguindo o mais simples que se tem nela. O amor....o amor continua fiel a cada um de nós. Pronto para ser compartilhado e ser eterno. Ele não morrerá simplesmente porque não há morte para aquilo que nos faz estar aqui, que nos faz suportar e sermos maiores do que qualquer medo, solidão, aflição. No momento em que o sentimos e o exercemos somos nós mesmos a prova de que sorrisos podem ser encontrados e que a gratidão é a nossa maior virtude.

domingo, 17 de junho de 2012

O EFÊMERO

Me peguei pensando em quanto nosso dia a dia, de forma até consciente, é formado de momentos fugazes.
Como grandes acasos eles aparecem e geralmente são bons de se viver. Sinônimos do que é novo.
E por que não vivê-los? Concordo em meio grau com uma resposta positiva. Pode haver perigo aí!.
Afinal, saltar no impulso das emoções nem sempre é um bom negócio. Aquelas arrebatadores, criadas em nossa vontade humana são duvidosas. E não adianta querer "pechinchar" se vier algum prejuízo depois. De onde elas veem não se aceita devolução.
Parece até que temos preguiça em procurarmos caminhar em uma linha reta na vida, que se um determinado momento da nosso viver não tiver adrenalina como a "cereja do bolo", eles simplesmente passam despercebidos, são até esquecidos. Mal sabemos que o agradável sabor adocicado de escolhas fugazes podem se tornar meras ilusões, sofrimentos.
Por isso tudo, não deixe sua morada e estada neste mundo serem constituídas de barro, arreia....são materiais perecíveis, basta um sopro de vento para desmanchar seus sonhos, conquistas e expectativas. Não se torne um sujeito sem bases, aflito por saciações e até perdido.
Fixar-se para dar frutos aqui nessa vida, só na busca tortuosa em meio à realidade nua e crua de se ter e ser o que não escapa das mãos, o que não é breve. E mesmo que seja, sempre será valorizado por você. Será lembrado por você. E não consistirá em uma página em branco, sem significado, sem nada a dizer.




quinta-feira, 31 de maio de 2012

MALDITA PROCRASTINAÇÃO


Já pararam pra pensar quantas e quantas vezes utilizamos frases como: "Eu faço isso depois", "Só de pensar que vou ter que...".
Está aí um dos maiores maus do homem: A Procrastinação. Para tudo se tem um porém, um argumento, uma solução em direção ao nada que nos condena à inercia, à uma solidão despercebida e culmina em uma carência imperceptível.
O homem em seus primórdios não devia ter muito tempo para ficar adiando a própria vida, afinal a sua sobrevivência dependia exclusivamente do seu esforço físico e imagino que para uma determinada tribo dominar uma região, tinha que haver o contato habitual entre seus membros. Nas divisões de tarefas, nas questões de liderança, de preparo dos alimentos. Enfim, um antropólogo ou talvez um sociólogo poderia explicar melhor o cenário daquela época.
Mas olhemos agora para nós. Seres interligados, conectados, com talvez com uma carga excessiva de trabalho que não se dá de forma igualitária. Vivemos procurando remédios, curas milagrosas, tipos de técnicas de relaxamento ancestrais para nos livrarmos de aspectos "devoradores da vida", como o stress, insônia, má alimentação, ansiedade e etc. Acontece que muitas das vezes nosso maior inimigo está dentro de nós.
Quantas vezes ultimamente você tem feito as coisas rotineiras com a concentração no que está fazendo? Você presta atenção em você mesmo? E nos outros? Se considera alguém presente na vida de quem o cerca?
Pois é. Parece que a a pressa tornou-se uma segunda pele do corpo. Ninguém tem absolutamente tempo para nada. Do mesmo modo que, dado um momento para desfrutar um pouquinho, o corpo se vicia em ficar estático, com vontade zero de reagir. Depois disso tudo vem as palavras consoladoras: "Poxa, não fui na sua casa aquele dia porque estava muito cansado". "Desculpa por não ter ido te encontrar. Acabei desanimando". E aí se vai disseminando tal comportamento como uma música no repeat.
O caminho para o individualismo, para não realizações coletivas, e principalmente, para o desaparecimento de laços com os outros e com o mundo está feito. De repente você se vê na sua própria redoma, solitário, refém dos tais "devoradores da vida". Pura negligência.
Tudo se torna tão mecânico . Cada um em suas casas, com as suas "telas", cumprindo seus afazeres e adiando momentos de estarem juntos. Então, não sejamos procrastinadores com as pessoas e conosco.
 Aposte que o segredo para o seu bem-estar mora na convivência, no contato, da presença na vida alheia que com certeza vai ver em você o diferencial da doação incondicional e do seu compromisso consigo mesmo. Isso não é perder tempo, e sim ganhar.



domingo, 27 de maio de 2012

SOL DE OUTONO



Queria-se tanto aproveitar o sol do outono
em azul límpido e celestial com a temperatura agradável.
Deitar na grama, sobre lençóis e cangas
e ficar ao teu lado tentando tapar com a palma das mãos os raios solares que saem entre as copas da Quinta florida.
Sentir aquela frase surgir como mantra numa mente feliz,
"Estou explodindo de tanta alegria".
Achar-se merecedor de tudo aquilo, sem medo da entrega plena e dos temores de talvez perder-se no nada.
Ah! como é bom apenas andar e andar e deixar que o acaso nos de a direção desse dia...
Tantos outros foram iguais a ele.
Intensos, de eterna doação, de um completo feito por dois.
Com o por do sol é chegada a hora de ir, partir...
"Oh, não se vá sol....seja eterno como será eterno o que estás a me proporcionar!"
O implacável manto da noite surge manso, deslumbrante.
E os corações acompanham-no acelerados e como que colados um ao outro repetem juntos
"Deita comigo e aquece o meu pulsar".

terça-feira, 15 de maio de 2012

O MUNDO DO TER


Tantas pedras no meio do caminho de situações que só dependem um pouquinho do querer e do esforço.
 Falando em querer, estamos em um mundo onde tudo passa pelo verbo do "TER". Ele é a única recompensa que esperamos da vida. ERRO. Tentamos rejeitar o que às vezes depende muito mais de nós e a gente não percebe.
Barreiras enormes são colocadas diante dos acontecimentos, do agir. Paredes chapiscadas pela preguiça, pelo orgulho, pelo desinteresse. Cérebros programados para alcançarem o que almejam e menos para se doarem e se autoconstruírem e ajudarem outros à se definirem também.
"SER" é reconhecer-se, ou melhor, conhecer-se a cada etapa que se passa. Quem vive no mundo do ser vê sua vivência transformada em algo maior, valorizada e não entregue a própria sorte de expectativas que podem culminar em puras frustrações.

ESQUISOFRE-DIA

Passou o dia todo
Quanto tempo ele tem mesmo?
Ah, 24 horas....
Acabou-se como um gole d'água
Por que?
Fiz tantas coisas e não fiz nada.
Caminhei por tantas ruas e não vi ninguém.
Será que meus olhos me enganaram?
Não! Subverti-me!
Nem mesmo me vi!
Cumpri deveres e arranjei soluções.
Acabei-me no meu próprio desleixo,
na minha própria ilusão.