quarta-feira, 28 de março de 2012

CARTA DO HOMEM AO MUNDO

Escrevo para gravar um pouco em palavras o que vejo. Como é maravilhoso o que está diante dos meus olhos. Tudo o que posso e não tocar é obtido em medidas certas. O concreto e o abstrato aqui se misturam e as marcas dos meus feitos estão por toda a parte.
Tais feitos é que me atordoam. Talvez sempre tenha sido assim. Eles representam também a harmonia de um ser pensante, mas muito mais meus excessos, meus devaneios.
Sou um quebra-cabeça que tem, curiosamente, todas as peças diferentes e sem combinação. Nunca terei o qualitativo da perfeição. Se me percebo assim, poderia engajar-me mais a ser o que eu deveria ser. Não o faço.
Olhando novamente ao meu redor, sinto que perdi a medida, fui enfeitiçado pela minha própria dádiva, o pensamento. Ruí tudo aquilo que foi me dado. Transformei, alterei, compliquei o simples.
Agora sei que depende só de mim em tentar contornar isso. O fato é que nos pormenores, eu já estou em estado pútrido, decomposto. Não valho mais nada. Perdeu-se a solução. (9 de fevereiro de 2012)

Um comentário:

  1. Transformou, alterou, complicou o simples. Agora é massa triste em busca do que não virá. E o pior: insensível a quem a fez feliz. Realmente, o homem não tem jeito. Nem a mulher.

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