quinta-feira, 20 de setembro de 2012

FAZER O INESQUECÍVEL

Noite de lua cheia. Apenas passarinhos se ouvia de dentro daquele quarto. Entre quatro paredes ele e ela estavam em uma sublime troca de energia, turbilhão de entrega das almas amadas e amantes.
Em meio ao frenético coito que se dava naquele momento, ela sem querer parar a ação disse em reação:
- Por que é tão bom assim?
Ele a ouviu meio que desorientado com suas sensações e prazeres divididos ali a dois e respondeu:
- Porque a gente se ama!
Aquilo soou como tudo o que ela desejaria escutar pela vida inteira como no repeat do rádio de sua casa. Então na euforia de tudo aquilo, ela pediu como em um sussurro:
- Repete...
O rapaz completamente entregue deixou-se encostar os lábios perto do ouvido de sua parceira, amada e com apertões em seu corpo e no agarra-agarra no enrosco dos cabelos dela, assim fez. Repetia, repetia...
Os corpos cansados já davam sinais.Tremedeiras e o lençol molhado de suor traziam a dormência e o cheiro daquele dia feito naquele recinto. Havia horas que os dois apenas se nutriam com goles de água e a barra de chocolate preferida que trazia no gosto dos beijos o inicio de toda aquela libido.
Pelas tantas da madrugada, se entregaram ao sono pesado e mais satisfatório que se pode imaginar. Dormiram de corpos colados, entrelaçados pelo prazer, que mesmo agora talvez sanado, parecia não querer que suas almas se separassem. Pelo menos aquela noite.
O amanhecer veio calmo e ensolarado. Novamente os pássaros cantavam em meio ao silêncio de tudo que havia a mais pelo mundo lá de fora. Ela acordou com o despertador do celular e olhou para o lado e ficou apreciando o seu amado a dormir e quase acordar.
Os dois voltaram dos seus sonhos e ao abrirem os olhos viram que muito mais do que aquilo que sonharam poderia se concretizar. Sem alguma palavra, a ação e reação de ambos foi começar e começar tudo de novo. Maravilhosa foi aquela noite, o dia anterior e o mesmo estava por vir!
Após matarem a saudade de poucas horas dormidas e de retornarem a se encaixar um no outro disseram:
- Bom dia! - ele
- Bom dia! - ela

terça-feira, 21 de agosto de 2012

PEÇO A PRÓXIMA


De repente tomou coragem e levantou aquele dia com a maior vontade do mundo em rever, como flash back, por onde andou, com quem estava, seu estado de espírito em cada um daqueles caminhos.
Como se tivesse um pacto com a nostalgia, qualquer um que visse e soube do seu propósito diria que tudo não passa de loucura, martírio. Pode ser, mas fazer o que se tornou-se costume em sua vida tomar até a última gota de cada momento vivido?
Abria um sorriso a cada passo que dava e vinha a sua cabeça: "Aqui eu fiz isso". Como uma criança que memoriza e guarda o passado mais precioso de um adulto, saia saltitante com os costumeiros cheiros, gostos, sensações apresentados em cada pedacinho que um dia habitará.
Andou, andou e como que sem destino certo prometeu que iria acabar sua jornada de encontrar-se de novo em meio a todos e tudo por onde passava. Anoiteceu.
Viu-se sentada em um banco de praça. Indagou-se: "Mas o que há? Por que minha vida encontra-se perdida nesses meus vultos de alegrias que jamais voltaram?
Seu único remédio era aceitar, aceitar que no mundo tão grande mas que não abarca o sentido do seu viver,  afirma-se que tudo é jogado ao peremptório e passageiro. O que acha que deveria acontecer sempre, o pertencimento, os laços, como em instantes viram apenas boas recordações.
Então o que torna-se o resto é esperar pela sua próxima nova gota de alegria.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

UMA CONVERSA SOBRE....


O dia frio, com o vento cortante diante à face. As duas amigas sentadas no banco da praça apreciavam o chafariz e aproveitavam o esquentar dos raios de sol e conversavam.
- Então realmente você acha isso? - uma pergunta a outra.
- Sim. Ao meu ver, o verdadeiro significado está se perdendo.
- Não consegue enxergar vestígios do mais importante na vida em nada?
- Nos homens? Não. Pequenas sementes ainda são semeadas entre nós, mas dificilmente dão frutos.
- Eu sinto dentro de mim que tenho este tesouro, que ele não se perdeu.
- Sim, minha amiga. Posso ver. Mas o que me diz quando olha ao redor? perguntou apontando para as pessoas na praça.
- Quero acreditar que temos a essência, mesmo que perdida dentro de nós.
Então as amigas se levantaram e começaram a caminhar vagarosamente observando os rostos que passavam ao lado. De súbito, a que havia indagado a outra sobre o que esta via diante de si disse:
- Sim minha amiga. Você disse o certo. Está perdida,  perdida dentro de nós. Mas não se preocupe, nunca vai deixar de existir. Passa despercebido pela nossa consciência e de forma displicente e por isso que muitos não conseguem conduzir a vida seguindo o mais simples que se tem nela. O amor....o amor continua fiel a cada um de nós. Pronto para ser compartilhado e ser eterno. Ele não morrerá simplesmente porque não há morte para aquilo que nos faz estar aqui, que nos faz suportar e sermos maiores do que qualquer medo, solidão, aflição. No momento em que o sentimos e o exercemos somos nós mesmos a prova de que sorrisos podem ser encontrados e que a gratidão é a nossa maior virtude.

domingo, 17 de junho de 2012

O EFÊMERO

Me peguei pensando em quanto nosso dia a dia, de forma até consciente, é formado de momentos fugazes.
Como grandes acasos eles aparecem e geralmente são bons de se viver. Sinônimos do que é novo.
E por que não vivê-los? Concordo em meio grau com uma resposta positiva. Pode haver perigo aí!.
Afinal, saltar no impulso das emoções nem sempre é um bom negócio. Aquelas arrebatadores, criadas em nossa vontade humana são duvidosas. E não adianta querer "pechinchar" se vier algum prejuízo depois. De onde elas veem não se aceita devolução.
Parece até que temos preguiça em procurarmos caminhar em uma linha reta na vida, que se um determinado momento da nosso viver não tiver adrenalina como a "cereja do bolo", eles simplesmente passam despercebidos, são até esquecidos. Mal sabemos que o agradável sabor adocicado de escolhas fugazes podem se tornar meras ilusões, sofrimentos.
Por isso tudo, não deixe sua morada e estada neste mundo serem constituídas de barro, arreia....são materiais perecíveis, basta um sopro de vento para desmanchar seus sonhos, conquistas e expectativas. Não se torne um sujeito sem bases, aflito por saciações e até perdido.
Fixar-se para dar frutos aqui nessa vida, só na busca tortuosa em meio à realidade nua e crua de se ter e ser o que não escapa das mãos, o que não é breve. E mesmo que seja, sempre será valorizado por você. Será lembrado por você. E não consistirá em uma página em branco, sem significado, sem nada a dizer.




quinta-feira, 31 de maio de 2012

MALDITA PROCRASTINAÇÃO


Já pararam pra pensar quantas e quantas vezes utilizamos frases como: "Eu faço isso depois", "Só de pensar que vou ter que...".
Está aí um dos maiores maus do homem: A Procrastinação. Para tudo se tem um porém, um argumento, uma solução em direção ao nada que nos condena à inercia, à uma solidão despercebida e culmina em uma carência imperceptível.
O homem em seus primórdios não devia ter muito tempo para ficar adiando a própria vida, afinal a sua sobrevivência dependia exclusivamente do seu esforço físico e imagino que para uma determinada tribo dominar uma região, tinha que haver o contato habitual entre seus membros. Nas divisões de tarefas, nas questões de liderança, de preparo dos alimentos. Enfim, um antropólogo ou talvez um sociólogo poderia explicar melhor o cenário daquela época.
Mas olhemos agora para nós. Seres interligados, conectados, com talvez com uma carga excessiva de trabalho que não se dá de forma igualitária. Vivemos procurando remédios, curas milagrosas, tipos de técnicas de relaxamento ancestrais para nos livrarmos de aspectos "devoradores da vida", como o stress, insônia, má alimentação, ansiedade e etc. Acontece que muitas das vezes nosso maior inimigo está dentro de nós.
Quantas vezes ultimamente você tem feito as coisas rotineiras com a concentração no que está fazendo? Você presta atenção em você mesmo? E nos outros? Se considera alguém presente na vida de quem o cerca?
Pois é. Parece que a a pressa tornou-se uma segunda pele do corpo. Ninguém tem absolutamente tempo para nada. Do mesmo modo que, dado um momento para desfrutar um pouquinho, o corpo se vicia em ficar estático, com vontade zero de reagir. Depois disso tudo vem as palavras consoladoras: "Poxa, não fui na sua casa aquele dia porque estava muito cansado". "Desculpa por não ter ido te encontrar. Acabei desanimando". E aí se vai disseminando tal comportamento como uma música no repeat.
O caminho para o individualismo, para não realizações coletivas, e principalmente, para o desaparecimento de laços com os outros e com o mundo está feito. De repente você se vê na sua própria redoma, solitário, refém dos tais "devoradores da vida". Pura negligência.
Tudo se torna tão mecânico . Cada um em suas casas, com as suas "telas", cumprindo seus afazeres e adiando momentos de estarem juntos. Então, não sejamos procrastinadores com as pessoas e conosco.
 Aposte que o segredo para o seu bem-estar mora na convivência, no contato, da presença na vida alheia que com certeza vai ver em você o diferencial da doação incondicional e do seu compromisso consigo mesmo. Isso não é perder tempo, e sim ganhar.



domingo, 27 de maio de 2012

SOL DE OUTONO



Queria-se tanto aproveitar o sol do outono
em azul límpido e celestial com a temperatura agradável.
Deitar na grama, sobre lençóis e cangas
e ficar ao teu lado tentando tapar com a palma das mãos os raios solares que saem entre as copas da Quinta florida.
Sentir aquela frase surgir como mantra numa mente feliz,
"Estou explodindo de tanta alegria".
Achar-se merecedor de tudo aquilo, sem medo da entrega plena e dos temores de talvez perder-se no nada.
Ah! como é bom apenas andar e andar e deixar que o acaso nos de a direção desse dia...
Tantos outros foram iguais a ele.
Intensos, de eterna doação, de um completo feito por dois.
Com o por do sol é chegada a hora de ir, partir...
"Oh, não se vá sol....seja eterno como será eterno o que estás a me proporcionar!"
O implacável manto da noite surge manso, deslumbrante.
E os corações acompanham-no acelerados e como que colados um ao outro repetem juntos
"Deita comigo e aquece o meu pulsar".

terça-feira, 15 de maio de 2012

O MUNDO DO TER


Tantas pedras no meio do caminho de situações que só dependem um pouquinho do querer e do esforço.
 Falando em querer, estamos em um mundo onde tudo passa pelo verbo do "TER". Ele é a única recompensa que esperamos da vida. ERRO. Tentamos rejeitar o que às vezes depende muito mais de nós e a gente não percebe.
Barreiras enormes são colocadas diante dos acontecimentos, do agir. Paredes chapiscadas pela preguiça, pelo orgulho, pelo desinteresse. Cérebros programados para alcançarem o que almejam e menos para se doarem e se autoconstruírem e ajudarem outros à se definirem também.
"SER" é reconhecer-se, ou melhor, conhecer-se a cada etapa que se passa. Quem vive no mundo do ser vê sua vivência transformada em algo maior, valorizada e não entregue a própria sorte de expectativas que podem culminar em puras frustrações.

ESQUISOFRE-DIA

Passou o dia todo
Quanto tempo ele tem mesmo?
Ah, 24 horas....
Acabou-se como um gole d'água
Por que?
Fiz tantas coisas e não fiz nada.
Caminhei por tantas ruas e não vi ninguém.
Será que meus olhos me enganaram?
Não! Subverti-me!
Nem mesmo me vi!
Cumpri deveres e arranjei soluções.
Acabei-me no meu próprio desleixo,
na minha própria ilusão.



segunda-feira, 30 de abril de 2012

A COMPLETUDE

Certa vez ouvi dizer que na Filosofia (se eu não me engano em Platão) que o homem constituiu-se em sua gênese como um ser duplo e que com o pecado ocorrido no paraíso nossas partes foram separadas e portanto, viramos serem incompletos.
Me atrevo a descordar das palavras vindas da sabedoria. Há algum tempo atrás eu concordaria com vendas em meus olhos nesta afirmativa e ainda diria que só somos completos com o outro.
Vamos lá. O que é ser completo? Em minha concepção mais amadurecida agora digo que o primeiro passo para se sentir assim é estar bem consigo mesmo. Que a base de tudo é nos enxergarmos completos.
Como? Precisamos dos contornos e da presença dos outros para nos tornarmos o que somos, mas isso é só uma parte de um quadro no qual somos os pintores e nós que concluímos o nosso auto-retrato.
Não há que se falar em complementação da criatura (nós) em si através dos outros. Amigos, amores, família....gente, complementam nossos sentimentos, aspirações e até o sofrer. O mais importante é estarmos de bem com a nossa solidão. Quem não se vê em alguns momentos sozinho? Ela também é necessária as vezes.
Não somos seres "amputados" porque perdemos  ou não temos alguém. Somos imperfeitos, isso é fato. O que não invalida dizer que abarcamos tudo que somos, que isso é construído por nós mesmos e que as pessoas vêm como dádivas para alegrar e concretizar o que está separado da nossa integridade formada por nós. Elas dão vida ao que está latente em nós. Sendo  pedaço de um todo.
Concluindo: As pessoas são essenciais no nosso viver, mas se não estivermos serenos conosco elas não conseguirão exercer o papel de fazer-nos frutificarmos e colhermos o que há de bom. Completar é diferente de complementar.



O seu viver é seu,
o meu é meu.
Tesouros únicos,
feitos a mão.
Restauram-se mutuamente.
Independentes entre si,
mas alegres quando há um encontro.

sábado, 28 de abril de 2012

DIGA- ME O QUE É A SAUDADE

Sentimento? Sensação? A mistura dos dois? Não se sabe o sentido real dela.
 Só se sabe que ela pode ser motivo de alegria e também de tristeza.
 Pode ser sanada rapidamente num piscar de olhos as vezes. Por muitas, torna-se pra sempre.
Não se sente na obrigação de avisar a sua presença, apenas toma-nos e com ela ficamos.
Tem gente que diz que é uma companheira, sinal de que se está vivo.
Outros afirmam somente seu lado positivo e dizem que é boa quando vem.   
Significada por um outro alguém, pelo cheiro, pelo gosto, pelo som....etc.
Representa o passado, o presente e é projetada quando chegamos no futuro.
E aquela saudade que nos dói no peito? Vestida de melancolia.
Esta tem como sintomas as lágrimas. Vontade do que teve e que não se tem mais.
A infância, a mocidade, amizades e amores perdidos, são personagens do saudosismo.
O pior é quando temos saudade de nós mesmos.
Seu remédio? Curá-la ou dar-lhe a mão e seguir com ela.



domingo, 15 de abril de 2012

O ADEUS DO PÁSSARO


Amanhecer de um dia esplendoroso. Raios de sol iguais aos daquela manhã nunca haviam batizado com tanto afago a terra, as árvores, as águas com seus deslumbrantes reflexos. Neste cenário mágico, o pobre carpinteiro olhou para seu coleiro, preso em uma pequenina gailoa e o impulso de soltá-lo veio. O pássaro ao ver sua atitude, com a portilha de sua cela aberta, paralisou-se:
- Por que esta atitude homem? Está certo do que está prestes a acontecer?
- É melhor não pensar em nada. Ter como definitiva a decisão que tomei.
- Sim. Será definitiva. Levantarei voo. A liberdade é meu sonho e tê-la será como voltar a ser o que eu era. Um ser da natureza, do mundo.
- Olha, sem mais delongas. Segue seu rumo. Eu te deixo ir. Só me promete que me visita.
- Isso eu não posso prometer. Vou voltar as minhas origens, ser livre e você sabe que a natureza nos impõe desafios, nos toma tempo para a sobrevivência. Talvez não me veja nunca mais.
O carpinteiro parou por alguns segundos e disse:
- Meu humilde consolo é que você, além de não estar mais preso a um lugar que não quer ficar e que não foi feito pra você, é que não viverá mais sobre as minhas leis. A lei do homem.
O coleiro com um olhar entristecido disse então:
- Você, meu amigo, que me cativou por todo esse tempo, não vive a lei dos homens e sim a graça divina.
- Pode ser mais claro? - indagou o outro.
- Tive contigo o que comer, beber, o seu sorriso com o meu cantar, nossas conversas a cada manhã. Antes de tudo somos amigos. Por isso, te conheço como poucos. Sei que desde quando me colocou neste pequeno espaço tinha uma vocação incondicional comigo. A prova que tens a graça é esse gesto de me ver livre. Você não sucumbiu ao simples bel-prazer de ter-me apenas para aprisionar-me, e sim ama-me. Esta portilha aberta é o significado do seu amor, de como lhe agustiava ver-me aqui sem vida. Esta é a sua graça.
- Como viverei sem ter o seu bom dia em meus ouvidos? - disse em lágrimas o carpinteiro.
- Não chora por isso. Poupe suas lágrimas, Virão muitas delas pela frente. Lembre-se apenas que o homem que tem em si o poder da graça divina nunca sucumbirá, pois é resistente, fortifica-se no amor e não em ordens e mandados impostos por disciplinas criadas por vocês, homens.
- Adeus. Seja livre e leve um pouco de mim contigo. Esse meu último pedido é uma escolha sua - suplicou o sujeito.
- Eu sei que é. O ser gracioso em seu interior não pede respostas. Faz o que lhe é devido e só. Adeus.- o o.pássaro.

domingo, 8 de abril de 2012

A RESSURREIÇÃO DE UM HOMEM

Pálpebras se descortinam e chega a claridade

Os olhos fotofóbicos se lubrificam para o novo dia
Após o lençol descoberto, os pés tocam o chão frio
O corpo vê-se funcionando, no erguer-se do por vir.
São deixadas para trás as chagas não cicatrizadas.
Há muitas tarefas inadiáveis e insubstituíveis.
Como a fênix que renasce das cinzas, 
É hora de sê-lo como tal e afirmar-se corajoso
Voar em brasas na perseverança de ser o que é.
No volver das pálpebras a cortinar novamente os olhos,
 irá perceber-se mais nutrido no que foi este hoje.
 Ter no amanhã, não o retorno do que já se passou,
Mas o tornar-se pó novamente.
E deste virão brasas mais incandescentes, renovadoras.

terça-feira, 3 de abril de 2012

MINHA VERSÃO DO SER PAVÃO


 Pavão: ave conhecida pela sua beleza. Por seu arco de plumas de lindas cores e imponente andar.
Você é do tipo de pessoa que aos olhos dos outros e até pelos seus próprios olhos se vê como alguém egoísta? Gosta de contar vantagens ao seu respeito? Acha que está acima do bem e do mal?
Se as respostas para tais perguntas foram positivas, meu caro você não é um "bom-pavão".
Ser um "bom-pavão" é conciliar suas magnitudes, dotes com algo mais do que importante: a humildade.
Infelizmente, ainda não sou uma entendedora da palavra cristã, mas a dias venho refletindo sobre "O Sermão do Monte", dito em Matheus na bíblia. Conhecem?
Nele se dita as bens-aventuranças. Diz que os bens-aventurados são aqueles que choram, os misericordiosos, os pacificadores, os perseguidos. Curiosos? Leiam em Mathes -5. É primordial levantar esta leitura para caracterizar o "bom-pavão". Eu disse, o "bom-pavão". Não há "pavões-perfeitos". Quero dizer que reunir tudo o que disse Jesus nesse sermão é algo que parece inatingível aos nossos olhos. Mas a esperança em tornar-se perto do perfeito deve ser levada para a vida toda.
Nós somos pavões imperfeitos, estamos na maior parte do tempo apenas no campo do ter. O campo do ser acaba sendo esquecido. Quando temos raiva, não sabemos o significado do perdão, relaxamos em nosso "doar" a quem nos doa, estamos sendo tal espécie vivente que certamente se cria na ilusão do mundo e não na graça do viver. Não é vista a necessidade de se suportar  para nos construirmos como pessoas.
.O "mau-pavão" é um ser acostumado a deixar que outros virem páginas em branco, poeira..O que importa é o ganho imediato, não o que se tem que ceder, perder, tolerar para conseguí-lo. E o final fica por conta do regozijo do que ganhou, a leviandade de adquirí-lo de forma despudorada e até narcisista. Quem cruza com tal figura corre o risco de ,além de virar poeira, ficar de mãos atadas para "ajeitar as penas" daquele e ver uma linda ave surgir;
Por isso, "seres pavões", esforcem-se para brilharem de forma digna. Assim, brotará o heroísmo natural de serem o que são. Através do sacrifício, do "conseguir". E o orgulho de si próprio não será mera vaidade e sim, o espelho do que realmente conquistou.

sexta-feira, 30 de março de 2012

COTIDIANO (ÁLBUM)

 SINAL FECHADO (Paulinho da Viola)
Olá, como vai ?
Eu vou indo e você, tudo bem ?
Tudo bem eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você ?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe ...
Quanto tempo... pois é...
Quanto tempo...
 Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios
Oh! Não tem de quê
Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona ?
Precisamos nos ver por aí
Pra semana, prometo talvez nos vejamos
Quem sabe ?
Quanto tempo... pois é... (pois é... quanto tempo...
 Tanta coisa que eu tinha a dizer
Mas eu sumi na poeira das ruas
Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge a lembrança
Por favor, telefone, eu preciso
Beber alguma coisa, rapidamente

 Pra semana
O sinal ...
Eu espero você
Vai abrir...
Por favor, não esqueça,
Adeus...





UM DIA TEREMOS O NOSSO
               TEMPO...




O TEMPO QUE NOS É DIGNO









SEM CERCAS E...





DIREÇÃO.

quarta-feira, 28 de março de 2012

AOS QUATRO ANOS

Nesta idade eu já sabia dizer o que queria e não queria
Meu pequeno ser com as mãos e pés sujos de terra,
vivia a correr e brincar de pique-esconde.
Aprendi que existe carinho e que há as lágrimas também
Tive a sorte de criar amigos e dividir travessuras com eles.
Aos quatro anos, eu queria ver todo mundo feliz e do meu lado
Aos quatro anos construí meus sonhos mais sinceros
E o que mais quero até hoje é realizá-los. (8 de janeiro de 2012)

IDA DO SOL

Estou indo embora,
você não abre mais os braços pra mim
não olha para cima e me saúda com seu sorriso.
Pra que ficar?
Não quero ser egoísta como outras estrelas e brilhar no escuro.
Meu brilho é ofuscante, mas você poderia olhar e cuidar dele.
Muitos me percebem, me sentem e irão sofrer com a minha falta,
Mas, definitivamente, não posso seguir assim.
Sou iluminado,
espero que quem me receba na despedida me entenda,
acolha-me com os "altos do céu"
e eu aquecerei as nuvens lá de cima para vir a chuva. (4 de fevereiro de 2012)

AOS QUE SÃO FELIZES

Cedam-me uma gargalhada,
pois acho que nunca saiu de mim uma de verdade.
Não sei se ainda há tempo,
então apenas lembrem da minha face tentando sorrir.
Oh, que inveja dessa vida que não tenho, só vejo.
Vou descansar para reviver nesta pele dos afortunados.
Sei que mereço isso e tenho pressa.
Talvez ainda houvesse tempo de deixar-me levar
e tentar diante de um milagre, ver-me ao lado de vocês.
Posso ser covarde,
mas algo me diz que não experimetarei isso.
Tentativas alegres tentei agarrá-las,
Mas tudo foge como areia das mãos. (4 de fevereiro de 2012)

CARTA DO HOMEM AO MUNDO

Escrevo para gravar um pouco em palavras o que vejo. Como é maravilhoso o que está diante dos meus olhos. Tudo o que posso e não tocar é obtido em medidas certas. O concreto e o abstrato aqui se misturam e as marcas dos meus feitos estão por toda a parte.
Tais feitos é que me atordoam. Talvez sempre tenha sido assim. Eles representam também a harmonia de um ser pensante, mas muito mais meus excessos, meus devaneios.
Sou um quebra-cabeça que tem, curiosamente, todas as peças diferentes e sem combinação. Nunca terei o qualitativo da perfeição. Se me percebo assim, poderia engajar-me mais a ser o que eu deveria ser. Não o faço.
Olhando novamente ao meu redor, sinto que perdi a medida, fui enfeitiçado pela minha própria dádiva, o pensamento. Ruí tudo aquilo que foi me dado. Transformei, alterei, compliquei o simples.
Agora sei que depende só de mim em tentar contornar isso. O fato é que nos pormenores, eu já estou em estado pútrido, decomposto. Não valho mais nada. Perdeu-se a solução. (9 de fevereiro de 2012)

NESTE INSTANTE

São oito horas no relógio
Já são do passado, mesmo recente,
momentos em que sentei à beira do meio fio e chorou.
Livrar-me do cansaço de um dia inglório é a meta.
Modos? Maneiras? foram tentados,
mas cada minuto que passa desidrato- me em corpo e alma.
Porque deste jeito? Por que nada no meu tempo?
Tudo pede meu doar, meu conduzir sem que eu queira.
No final, ao olhar-me no espelho,
vejo uma máquina, peça da engrenagem....não mais eu. (9 de fevereiro de 2012)

RELICÁRIO

Ouviu o chamado de longe
Surpreedentemente aconteceram as coincidências
Gente que não se via há muito tempo.
Nossa! Quanta alegria, quanta doação.
O início, uma nova era.
Tratou de macar tudo a fogo na alma.
Disse: "Eu cuido".
Dias e dias de tantas companhias
umas novas e a mais importante.
Mas....
Tudo tornou-se relicário
A reaproximação embalada de abraços,
agora está em palavras, em objetos esquecidos.
Descobriu-se o castelo feito de areia.
Não há mais olhos nos olhos, os rostos viram-se em opostos.
Falar de coisas boas é proibido, machuca.
o resto é saudade. (12 de fevereiro de 2012)

MÉNAGE À TROIS

Ver com os próprios olhos não é certeza
Minha verdade é essa,
mas ela não foi vista, foi desperdiçada.
Não me calo! Oras! Por quê?
Culpado de lágrimas alheias virem a ser pingos no chão
Ah! isso eu não queria, não mesmo...
A tríade que estou dilacera-me.
Entre dar o perdão e não tê-lo.
Ouvir, cuidar e de outro sentir-se como pano sujo de sangue.
Ser visto como anjo de luz e transparente como fastasma.
Nada disso é merecido. Nada.
O meio me sufoca, não sou forte pra isso.
Ver essas duas faces....do amor puro e a do não amor.
Não serei mais amante, amado,
Talvez esquecerei e serei esquecido. (12 de fevereiro de 2012)

DEITA-TE

Menos 24 horas...ou mais 24 horas?
Pesa a tua cabeça no macio e fecha os olhos.
Daqui a pouco a luz da manhã te iluminará
e você seguirá de pé para o novo amanhecer.
Adormeça o teu corpo para este descanso,
ele virá e será bem-vindo.
Se não há ninguém para dividir teus sonhos,
calma...desfruta deles sozinho.
Há quem diga que vivemos os sonhos no dormir.
Então vá para o teu cantinho, que tua vida vai começar.
Boa Noite. (13 de fevereiro de 2012)

PIERROT

Malandro sentimental do carnaval
Romantizado tantas vezes, símbolo de gentileza
Ajeita tua gola bufante e segue a procurar a amada
Esqueça tuas lágrimas no canto dos olhos e brinca
E quando achar tua colombina, reverencia-a feliz. (16 de fevereiro de 2012)

ARLEQUIM

Sorriso dissimulado e envolvente
No jeito bufón contagia à quem passa
Transita pelos foliões atrás da moça comprometida
Ora! isso não é problema para o acrobata da festa
Irá resistir aos encantos sedutores colombina?
Incredulamente tal figura chegou, Pierrot
Batalha vencida. (16 de fevereiro de 2012)

COLOMBINA

Pinta o teu rosto que é festa
Brinda a folia com a tua presença
A chuva de purpurina cairá sobre você.
No passo marcado das marchinhas é só alegria
Amarra suas delicadas sapatilhas e siga o bloco
No compasso do samba dará vista como dançarina.
Quem sabe não encontrará o amor perdido. (16 de fevereiro de 2012)

ENCONTROS E DESENCONTROS

Pula e sua na multidão
Beija, extravasa na saliva, no suor
Amanhã é outro dia para mais encontros.
Mas os desencontros acontecem...sim,verdade
Tranquiliza, eles só chegarão no dia das cinzas.
Agora impera o fugidio, o fugaz (20 de fevereiro de 2012)

TUDO AO CONTRÁRIO

Abra a janela e olha os semblantes insatisfeitos
Vá até a rua, mas não tropece no corpo moribundo no chão
Quando chegar ao trabalho lembre-se que "amigos, amigos...
negócio, dinheiro a parte".
Busca seu prazer de forma superficial, passageira.
Perca cada vez mais o significado dos outros para você
Eles são apenas outros, não se apegue demais. (23 de fevereiro de 2012)

PRA TE FAZER FELIZ

Quando eu te conhecer, você já fará parte de mim
A partir deste instante receberemos presentes divinos,
eu terei você e você a mim.
Cada momento juntos contará a certeza de que se tem alguém.
Minha companhia será, as vezes, seus pés e mãos,
assim como a sua. Mas no cerne, ela lhe trará forças para seguir.
No brotar de suas lágrimas eu lhe direi que estou alí, ou se for melhor, elas cessaram apenas com o meu abraço.
Em nossas alegrias, não dexarei passar nenhuma sensação que irradie cada vez mais seus sorrisos.
Minha compreensão caminhará de mãos dadas contigo e meus dias ruins ao seu lado superados com o demonstrar do respeito mútuo entre nós.
No gozar da nossa felicidade, para nós única, mostrarei toda minha peraltice e você se orgulhará de mim.
Eu saberei que estarei sendo peralta pela simples razão de ter como glória no meu ser ver-te amar comigo.

Aos loucos

Um dia se pode sustentar o mundo como uma leve pluma e mostrar-lhe a face alegre de quem o aceitava como achava que ele era. Mas este mesmo mundo tornou-se descabido e com isto, a mente agora o encara como um corpo estranho, um desfazer do propósito de ser apenas o que deveria ser... o lugar do viver.

GOD WILLING

Não me tire dos seus braços.
Sei que não vai.
Guia-me, pois existe o veneno da fraqueza.
Sei que sempre está ao meu lado.
Dentro e fora de mim, perdoe-me.
Fique comigo.
Complemento para as minhas poucas palavras.   
(30 de janeiro de 2012)

AQUELA TAL INDIFERENÇA

Minha felicidade abriga em si
o cenário do egoísmo e do ser covarde.
"Lavo minhas mãos" frente as suas lágrimas,
elas não têm mais peso. Evaporam-se.
Afinal tudo passa, infelizmente.
Você passou pra mim. Basta!
Resposta deste alguém que quer o mais fácil:
Nunca ver a sua grandeza transbordar em mim. (29 de janeiro de 2012)

TEMPESTADE

Conforme-se com o que pretendeu ser
Porque a tempestade de verão levou tudo.
Sinta o cheiro da chuva com os pés na terra molhada
Refresca seu corpo encoberto pelo cinza de raios ensurdecedores.
Quando o manto da noite chegar, descansa.
Ouve o barulho dos pingos como um ninar e não se assuste com os roncos dos trovões....Já vai passar.

NADA MAIS QUE EU

Partes espalhadas pelos cantos
Em cada um que conheço ou desconheço,
isso não importa.
Um precioso cultivo de cultivar o outro
Persevero não nos reconhecimentos perfeitos
mas naqueles, que em primeiro lugar, me deixem reconhecê-los. (12 de janeiro de 2012)

NAS ESTAÇÕES

Me espera na estação de sempre no final do dia
Virão mais algumas até chegarmos ao nosso destino.
Massageando mutuamente com as mãos as costas cansadas,
agora andamos sem pressa para desfrutarmos da noite vazia.
É hora da despedida para um novo amanhecer feliz,
então encoste seus lábios nos meus e diga: beijo, beijo, beijo....até! (12 de janeiro de 2012)

MÚSICA

Dedos nas cordas e vem o acorde                                            
Concentra nas notas que te regozijam
Apura os ouvidos para vir a sensibilidade
Solta a voz encrustada em seus pulmões
Aumente a explosão que vem de você
Termine embevecido ao final. (11 de janeiro de 2012)

POEIRA


 

Trava o seu sorriso que não adianta mais
Deixa seus olhos fecharem e sente o pesar dos ombros
És agora poeira perdida que corre no chão
Vaga pelo desconhecido e não olha pra trás.
Quando o fim chegar,
O vento lhe trará forças para ir às alturas
Talvez por onde passar notarão a sua presença
E quem sabe te decifrarão e se tornará realidade. (11 de janeiro de 2012)

Elos







Trata-se de algo inerente a cada um de nós. Somos quem somos por e pelo o outro. Eles não pertencem ao mundo das ideias da Filosofia ,e sim ao real.
O cordão que é cortado no momento de um nascimento é sinônimo disto. É o elo original que avisa antes de um beijo, de um abraço, do que se precisa- do outro.
Achar um caminhar de glórias sem cultivá-los é possível. No entanto, o momento em que apercebe-se no vazio, ao olhar tantas feridas alheias feitas pelo seu próprio punho, o futuro torna-se cruel. (10 de janeiro 2012)

A ALEGRIA DO SOL

Finalmente o sol chega depois de tantos dias em branco e preto.
 Faz lembrar a última vez que se foi a cachoeira. Longe, que parecia que não se iria chegar.
A marca daquele dia são pedras esculpidas pelo bater das águas.
O destino delas?
 Três enfileiradas em um móvel para se dizer: "Fui assim, sou assim agora e um dia serei desse jeito" - as três são proporcionalmente uma maior do que a outra.
 E uma quarta pequenina foi enterrada em um canto de praça para virar lembrança de tanta alegria.
 (3 de janeiro)

O negar

Nega com silêncio a covardia
Não nego a saudade do coração
Nego desde já o sofrimento sem valia
Mas não se pode negar o todo construído (2 de janeiro de 2012)

POSSO TROCAR DE VIDA COM VOCÊ?

Muitos ao verem alguém deficiente, com problemas mentais e outros caprichos que vemos na vida dizem:"Por isso que eu não acredito em Deus". Quem disse que essas pessoas não são felizes? Quem autoriza dizer que se é mais favorecido por ser "perfeito"?
Certa vez, uma mulher agonizante e em profunda depressão olhou para um cego em uma praça ouvindo seu rádio de pilha e pensou: "Eu poderia trocar de vida com ele. Vejo tanta alegria".
Mas sua conclusão foi fabulosa. "Não quero que ele "enxergue" e sinta a minha tristeza".